VIENA, Austria . 30-31.01

     Como este é um blog sobre o trabalho voluntário pela AIESEC na Polônia, deixo relatos detalhados apenas dos lugares que visitei lá. Mas como, por causa desta viagem, tive a oportunidade de conhecer alguns países vizinhos, mesmo que com pouco tempo, ficam aqui algumas fotos e inspiração para também ir sim! (e voltar sim!) Infelizmente, fotografei apenas com um celular na maior parte dos próximos posts, mas vamos com algumas imagens, explicações, informações e curiosidades sobre cada cidade!

     Já que a escola teria 2 semanas de férias, pensei em aproveitar bastante os arredores. Em cima da hora, entretanto, fui informada por uma das estudantes responsáveis por mim na Polônia que conseguiram contato com outro lugar para me receber, uma espécie de orfanato do outro lado do estado. Com passagens já compradas, mantivemos a primeira semana de férias e me comprometi a voltar em seguida.

     Acontece que… com a semana corrida, o fim de semana em Zakopane sem internet e voltando a Trzciana no domingo à noite, só então fui pensar nos dias que viriam, e soube que o amigo que me acompanharia (um dos poloneses queridos que conheci em Varsóvia!) não conseguiria chegar às 5 da manhã na Cracóvia, onde havíamos combinado de pegar o ônibus. Um tanto desesperada pra arrumar mochilão (emprestado!) de 2 semanas fora, sem lugares para dormir reservados e tendo que estar pronta em algumas horas para aproveitar a carona de Pawel para a cidade, usei todas as minhas habilidades de viajante e a ajuda do amigo para fazer a coisa acontecer.

     Depois da estrada escura e com ajuda de meu anfitrião para achar o ônibus, às 5h em ponto embarquei, com um contato feito e nada mais certo. A viagem durou cerca de 6 horas e fez uma parada numa loja de conveniência onde fui ao banheiro reparando que, por mais que continuasse não entendendo nada, os caracteres e a fala eram diferentes. Descobri então que estávamos em Brno, na República Tcheca! A paisagem havia mudado radicalmente dos casarões do sul da Polônia na véspera, com construções agora bem mais simples.

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    Como Varsóvia provou bem, amigos são tudo nessa vida e por sorte divina ao chegar em Viena fui direto ao apartamento de um diplomata belga amigo de amigo, onde sua esposa me recebeu. Com o desfecho inusitado, mapeei logo o principal da cidade e tracei um plano – e para minha felicidade ainda maior, o local era excelente então poderia fazer tudo a pé, sem perder tempo tentando entender o transporte em alemão!

     Em 3 minutos, cheguei a Karls Kirche, ou St. Charles Church, que começou a ser construída em 1716, linda por fora e por dentro.
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O mais legal é que (pelo menos quando fui) o acesso estava permitido até a cúpula, ou seja, o chapeuzinho mais alto da construção, lá em cima mesmo!

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     A cidade tem um “quê” de elegante, mais do que outras capitais europeias, visto sobretudo nos prédios, mas também nas modas, nas cafeterias…

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     Para quem aprecia arte, o Albertina Museum é um programa para várias horas, com exposições para todos os gostos. Entre esculturas…

… quadros de artistas como Monet, Picasso e locais…

… fotografias famosas do cinema mundial…

… arte contemporânea…, entre outros.

     Tentei visitar a Ópera, mas os horários não permitiam. O curioso são homens vestidos totalmente a caráter (roupa, peruca..) em volta da bilheteria oficial, tentando vender ingressos de obras badaladas – cambistas chiques! Viena é famosa pelos espetáculos e atrai turistas só pra isso, e como interessada no assunto queria muito ver algo. Para minha surpresa, entretanto, a pessoa que me atendeu na bilheteria de 3 óperas não falava inglês. E gerou a pior situação da viagem: comprei um ingresso entendendo ser um musical infantil (até aí, sem problemas), consegui achar o teatro a pé, entrei, mas ao começar percebi que se tratava de uma espécie de masterclass com um pianista sobre o tal musical. 90% da plateia tinha de 50 anos em diante, inclusive os que sentavam ao meu lado, e toda a fala era em alemão. Assim, passados 15 minutos fui pegar meu casaco e bater papo com os simpáticos guardadores, que não sabiam como ajudar mas entenderam minha frustração! O chato é que deixei de fazer outras coisas pois me programei pra isso…

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     O jeito foi bater perna mais um pouco, até a hora que me chamaram para jantar em um restaurante tradicional, dentro de um barco ancorado!


     De manhã, com a vista da cúpula da igreja, deixei a mochila arrumada e corri para o ponto de encontro do Free Walking Tour. Cerca de 15 pessoas bem encasacadas cercavam a guia, uma simpática designer tcheca que logo me cumprimentou e deu as boas vindas.  Durante cerca de 2,5 hrs com 2 paradas para banheiro e fugir do frio arrasador (o pior que sentiria essa semana, por causa do vento), ela falou da história da cidade, deu dicas de filmes, e mostrou vários pontos turísticos.

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    Terminada a caminhada congelante, a melhor ideia foi me abrigar e fazer a visita do Mozart Haus, o museu que foi uma das casas em que o famoso compositor e músico morou, justo nos mais prestigiosos anos de sua vida. Sendo proibido tirar fotos nos cômodos, a visita vale como uma aula de música, de forma bem mais interativa e interessante para leigos inclusive.

     E de lá para mais umas voltinhas pelos pontos por que passamos rápido, como a grande Biblioteca e a Prefeitura… prédios enormes e imponentes como a cidade gosta.

Só que para fechar minha breve visita com chave de ouro e presente de frio, nevou!

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Já de noite, as luzes da cidade me encantaram de novo, principalmente a da Ópera que teve de ficar para outra vez.

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      Correndo para passar no mercado perto de casa e comprar algo para comer, precisava ainda pegar o mochilão, me despedir e chegar no terminal de ônibus para deixar a cidade.

     Agradecendo aos deuses e amigos por tornarem uma visita tão súbita e não planejada em uma experiência tão tranquila e enriquecedora, voei para o metrô, atenta em onde mudar de linha. E com o fluxo bom de timing dessa viagem, cheguei de novo a tempo e bem feliz para um percurso de cerca de uma hora até a capital eslovaca, Bratislava!

 

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ALGUMAS INFORMAÇÕES E CURIOSIDADES:
  • Viena é cara! A moeda é euro, mas os preços, pelo menos na zona central da cidade, são pra lá de salgadinhos (e gasta-se bem mais comparando com os custos das mesmas coisas na Polônia, onde a moeda é mais próxima do real).
  • Não há tantos pratos típicos, mas um bem popular é o (Wiener) Schnitzel, um bife fino empanado, servido com batatas e salada, que lembra um grande nugget…
  • Já em relação a doces, um bem conhecido é a Sachertorte. Criada em 1832 para um príncipe, a receita de chocolate com uma fina camada de compota deu tão certo que é copiada por vários cafés (tão presentes na cidade). Se você gosta de doces secos…
  • Viena chegou a ser capital do Império Romano, e na época de guerras foi bem mais devastada na Primeira Guerra Mundial do que na Segunda, quando apenas 15% foi destruído.
  • Em mais de um museu, fui solicitada a deixar a bolsa para frente. Se possível, largue tudo no coat room!
  • Entre os filmes para entender melhor a Áustria, procure Sissi (disponível aqui), sobre uma de suas princesas mais ousadas, e Amadeus, sobre seu orgulho maior, Wolfgang Amadeus Mozart.
  • Falando nele, algumas informações: Criança prodígio, Mozart aprendeu muito com o pai e desde os 7 anos viajava tocando, o que logo o deu notoriedade e contatos com membros da alta sociedade, família real, militares, padres, artistas… Natural de Salzburg, mudou-se para Viena em 1781, deixando o trabalho na côrte para se dedicar a empreender e lidar com teatros, patrocinadores, clientes, plateias. Uma de suas frases gravadas na casa (em tradução livre) é “Eu gostaria de ter tudo aquilo que é bom, autêntico e belo”. Para ampliar seu networking e perspectivas de trabalho, não se abstinha de gastar com roupas e manter boa aparência. Com queda por jogos de azar, também não deixava de pedir dinheiro aos amigos para jogar. Nessa época, Viena virou uma espécie de meca musical, atraindo muitos aspirantes a grandes músicos. Mesmo com a grande competição, Mozart se destacava por ter contatos e influência. Sua casa extremamente elegante e bem localizada tinha um aluguel mensal equivalente ao que muitos ganhavam por ano em Salzburg, e era habitada pelo casal e seus 2 filhos, além de 3 empregados e visitas ocasionais. No início, o músico também dava aulas e corrigia partituras para poder mantê-la. O período no que é hoje a Mozart Haus foi o mais produtivo de sua vida por tocar paralelamente vários projetos, lidando com a pressão de aulas, composições, ensaios e apresentações. Foi nessa casa que ele compôs, por ex., Fígaro, a famosa ópera, baseada em acontecimentos locais bem conhecidos. Entretanto, em geral, a música de Mozart não era popular, exceto algumas de maior sucesso como Fígaro ou A Flauta Mágica. Outra famosa foi Don Giovani, que fez um enorme sucesso em Praga, onde o “Casanova” que deu origem à trama estava presente na plateia. Sua música foi bem apreciada pelo escritor alemão Goethe, que enquanto diretor de teatro na cidade de Weimar/Alemanha deu enorme apoio ao trabalho de Mozart, organizando 282 apresentações de suas óperas.
  • E para referência, um mapa do centro, em tudo o que fiz a pé:map

ZAKOPANE ~ TATRA MOUNTAINS . 28-29.01

     Como já contei aqui, minha ida para a Polônia foi tão repentina que não pesquisei nada sobre o País, suas cidades mais turísticas ou populares, nem nunca tinha ouvido falar das montanhas Tatra, uma cordilheira incrível na divisa com a Eslováquia. Como aqueles melhores presentes que a vida traz de surpresa, a família que me hospedava tinha planejado uma viagem a Zakopane, referência de turismo de inverno nesse País que me encantava cada vez mais, e não à toa. Com as meninas doentinhas, fui convidada a acompanhar mesmo assim o pai e o filho, em uma viagem de cerca de 2,5hrs rumo a uma paisagem ainda mais linda… e fria!

20170128_110259.1 Primeira parada: Esquiar no Kotelnica20170128_110304.1 Białczańska! Além da calça, casaco, etc, etc, me emprestaram todo o equipamento, o que significa uma economia danada. Por causa das férias escolares a fila era grande, mas não me lembro de ouvir inglês nela! De novo me adaptando ao aparato grudado aos pés, fomos deslizando até sermos empurrados pra sentar no banco e ficarmos com os pezinhos balançando.

     A descida foi divertida, pois as pistas são bem mais amplas do que eu estava acostumada, e com gente pra todos os lados. Queria um café para acordar mente e corpo, mas este só viria depois, e aos poucos fui lembrando as posições, tentando não fazer feio e acompanhar meus anfitriões queridos.

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    Ao chegar ao topo novamente, os 5 graus já pareciam verão! Com o sol forte, dá-lhe tirar goggles, capacete e luva por uns instantes. Enquanto eu 20170128_122225.1apreciava a vista, Pawel, o pai, entrou no burburinho para buscar uma espécie de bebida quente e grossa, que lembrou um quentão…

     Com a confiança aumentada, resolvemos descer por uma pista mais difícil. O detalhe: eles fazem isso todo ano, já eu… já expliquei minha história com esqui aqui! Resultado: dominei uma freada no limite de entrar em uma 20170128_133513zona proibida (com camada fina e água congelante!), e só fiquei feliz de novo quando Pawel me fez olhar pra trás e ver o quanto já tinha descido sem levar um tombo! Além disso, a paisagem da cidade se descortinando abaixo e os 360graus que me rodeavam eram tão lindos que se não deu pra registrar com câmera, ficarão guardados pra sempre em minha memória. Já na descida bem inclinada seguinte, me vi obrigada a ouvir a voz interior e ceder pra humildade, desencaixando os esquis, e andando pra baixo carregando botas e equipamentos, a fim de conservar minhas pernas no lugar… Insisti para os meninos descerem mais uma vez, e me pus a observar e pensar sobre a doidera de vir parar aqui, enquanto um mês antes eu estava na praia curtindo a família no Rio, apenas cogitando fazer algo diferente em janeiro!

     Para recarregar as energias na saída, comemos Oscypek  – o queijo produzido com leite de ovelha e só nessa região (deliciosamente ilustrado aqui!).


     A segunda atração espetacular do dia, ainda mais inesperada, foi algo que minha alma tropical nunca sonhou existir: um parque aquático indoors, com dezenas de atrações e piscinas quentes, externas inclusive – no pé da montanha, com frio de graus negativos e neve para todos os lados! Ao entrar no Strefa Zabawy, a primeira coisa é passar por um dos espaços colados uns nos outros, onde um banco rente a 20170128_174733 - Copyum dos lados tranca as duas portas ao ser baixado – a que você usou para entrar, e a de acesso aos lockers. Tira blusas, casacos, touca, luva, meias, calças, bota e o que mais tiver, para sair só de roupa de banho – no meu caso, aquele lá do início em Trzciana! É engraçado ver todo mundo encasacado e 3 minutos depois, quase nu segurando tudo! Guardamos e nos separamos, para passar pelos vestiários – o meu, cheio de mulher.

     Nos reencontramos e Pawel tentou me explicar, mas logo fiz como Patrick, o filho de 9 anos, e saí correndo para explorar os jatos de água, os espaços com correntes que te levam, a piscina com ondas fortes… Meu anfitrião subiu para os tobogãs, e depois de uma filinha viramos criança também, deixando o corpo molinho depois da pressão do esqui!

     Até onde vi, são 3 salões de piscinas internas, com conexões por espécies de túneis às piscinas externas, assim acessíveis sem precisar sair da água. Abrir a porta para sentir o fresquinho é congelar em 5 minutos, mesmo com toalha! Lá fora, fui a um espaço onde o movimento das pessoas provocava enormes ondas para lá e para cá, e assim esbarrei em Patrick. Ao entardecer, sem câmera à prova d’água, só na memória mesmo ficou a surrealidade do local e momento… Mas voltei para fotografar à noite.

     Ao encontrar Patrick, aproveitamos para almoçar lá mesmo, pois a essa altura a fome era gigante. Com pratos quentes e frios, cafés e sobremesas, até eu que como pouco (antes da Polônia…) fiz pratão. Relaxamos um pouco nas espreguiçadeiras e pra relaxar ainda mais, fui levada às saunas, que já ficam em espaços mais restritos e menos cheios.

     Esqueça a sauna pequeninha do clube, do hotel 20170128_174559 - Copyfazenda… Aqui ao entrar no “Saunarium”, já fui solicitada a tirar o biquíni em uma salinha comum com nichos para largar o que tiver e ficar só de toalha. Reservada a adultos, alguns (principalmente sessentões de grande porte) não se incomodam muito com se cobrir nem com a forma como vieram ao mundo. Pawel foi para uma sauna masculina e entrei sem querer em uma mista, em meio ao vapor, só para perceber que tinha apenas dois homens e sair de fininho. Achei uma feminina cheia, mas quem cuida é homem… morrendo de calor e novata na situação nudista, saí rapidinho. Mas é algo a se tentar!

     Voltei às piscinas externas e às massagens e curti cada cantinho que me agradou mais, sem a menor ideia de quando a vida me proporcionaria voltar a local semelhante. O lugar é tão bem preparado que a “chave” de acesso ao locker é algo que fica preso como um relógio no pulso o tempo todo, então não tem como perder. Despida assim e totalmente relaxada, ô preguiça de botar tudo de novo… De volta ao corredor de saída, há secadores de cabelos para todos os lados, e claro, disputados por homens e mulheres, adultos e crianças para poder sair!


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     Uma das coisas que mais gosto ao viajar é acabar com certezas e ver como tudo pode ser diferente… Até mesmo o cachorro-quente! Paramos para comprar água e um de nós acabou não resistindo…

 

    Passamos então no hotel para deixar o carro, tomar banho e trocar casacos e calças de esqui por roupas normais. Em 10 minutos de caminhada chegamos ao centrinho da cidade, fofo e ainda decorado pro natal, e com as carrocinhas que vendem o queijo, algumas já fechadas por causa do horário.

     Na rua principal, segui a indicação deles e jantamos no Stek Chałupa, um casarão onde (de cima) você come vendo seu prato ser preparado, e com música tradicional ao vivo animando os já animados frequentadores locais. Comemos prato principal quente, mas a entrada, igualmente maravilhosa foi o típico: Oscypek, geléia de cranberry e bacon – tudo maravilhoso, saí bem satisfeita

     Demos mais uma voltinha e ao voltar a pé pra casa, quem disse que sabíamos o caminho? A cidade é pequena e, fora da movimentação principal e no escuro, todas as casas têm modelo parecido à noite… Andamos, andamos, e sem conseguirmos acessar  a internet nem ninguém na rua para perguntar, quase batemos em uma casa aleatória para pedir ajuda, mas a inspiração bateu e Pawel viu algo que fez lembrar o caminho certo. Com todos cansados, os dois dormiram em uma cama de casal, eu na outra, e não demorou para pegarmos no sono!


No domingo, acordei com essa vista, enquanto os meninos ainda dormiam:

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     Depois de cochilar mais um pouco, fomos acordando e só então reparei de fato na mobília do quarto: como é comum na região, tudo foi fabricado à mão, entã20170129_072100.1o os detalhes dos móveis rústicos são algo à parte!

     Até no restaurante, que por sua vez tinha um buffet de café da manhã para ninguém ficar com fome, com pães, presuntos, queijos da montanha, bem como tomates, cogumelos, azeitonas, bolos, sucos… Delícia!

     O hotel por si só também merece a indicação: Zakopiański Dwór, já reservado por eles, então não tenho ideia de preço, mas bem aconchegante e localizado. Vale a despedida:

     O engraçado foi ao pegar o carro: se flocos de neve já são algo mágico ao cair e se desmancharem no ar, o que dizer deles gigantes, congelados no painel impedindo a visão? Para mim que não ia dirigir, algo encantador..!

20170129_092151 - Copy     Seguimos em direção a outra montanha, talvez a principal da cidade. Para chegar até lá, um mini-ônibus faz o percurso. No caminho, algumas pessoas andavam calmamente, apesar da subida íngreme, sem pressa pra chegar. 20170129_094346.1

   Minha terceira grande surpresa desse final de semana seria a paisagem nevada mais linda que já vi na vida, subindo em um dos picos das montanhas Tatra. Mesmo que o ponto mais alto da cordilheira fique na Eslováquia (Gerlachovský štít), o lado polonês não deixa a desejar e possui um bondinho (como o do Rio, mas com o trajeto beeeeem mais longo) que serve tanto para quem quer ver a paisagem quanto para os esquiadores e snowboarders com competência o bastante pra descer algo bem alto e inclinado. Depois de uma filinha, subíamos nós.

20170129_101547 - Copy     É pena que não dê para botar vídeos aqui, porque a subida é realmente deslumbrante. Como o espaço fica cheio, as fotos não refletem bem, apenas as filmagens! Quando você acha que chegou, dá-lhe esquis e snowboards para todos os lados, para mudar de bonde e continuar outra subida. Lá em cima, os atletas se misturam aos turistas, e como turista, é melhor tomar cuidado! Para ter ideia dos caminhos possíveis para descer, veja mais sobre o incrível + Kasprowy Wierch.

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     Inventamos de subir até o topo para ver a vista do outro lado, entre tropeços, e escorregões, ora de frente ora de costas… E cadê o preparo físico?

     A vista do outro lado é a que aparece como destaque neste post… O lugar é tão grandioso que deu pena minha máquina ter ficado sem bateria e não poder botar vídeos… Mas já viram que vale demais a ida!

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      Sendo uma grande região turística sobretudo no inverno, mas também no verão para caminhadas e esportes nos verdes das montanhas, já deu para perceber que atrações não faltam. Voltamos à parte central da cidade, para ver onde, algumas semanas antes, um campeonato bem badalado foi disputado. Olhando para a inclinação da pista / palco do evento, é fácil entender por quê! E para os iniciantes, esqui mais leve também é possível!

O comércio de barraquinhas agitado também marca a temporada de férias!

    E para finalizar meu fim de semana dos sonhos e de criança,16426772_1722086671455282_1711881097_n - Copy acompanhei Patrick nas bóias… Afinal, a única habilidade exigida é sentar e deixar ser “guinchado” morro acima por cordas presas à boia, e lá de cima deslizar como em um escorregador esculpido na neve… e não é que a coisa vai rápido?! No final, nem queria levantar mais!


     Esta viagem seria um passeio”zinho” antes de a família partir de férias para a França, mas o verdadeiro motivo – que para mim veio muito a calhar, era outro. Apaixonado por futebol e craque no time da escola, Patrick ficaria em um acampamento de inverno com jogadores de todo o País, sob o treinamento de técnicos conceituados e visita de olheiros. Era hora então de se apresentar, deixar mala, pegar uniformes, conhecer a equipe… Chegamos na mesma hora que um colega de Trzciana, e a professora sua mãe logo me abraçou, fazendo festa por rever fora da escola. Sem conseguirmos nunca nos comunicar por causa da língua, qualquer formalidade era quebrada pela recepção calorosa!
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     De todos os campos de futebol que já vi na vida, esse foi um dos mais peculiares, por toda a neve e paisagem em volta:

Nos despedimos e saímos para ver mais um pouquinho da cidade…

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e adivinhem aonde voltamos para almoçar (Bom demais)!

 

     Termino este relato com mais fotos da estrada e dIMG_6086 - Copyo caminho de volta para casa, engarrafado na saída da cidade. Eu, é claro, feliz demais pela chance de conhecer um local tão remoto de forma tão repentina… e pelo presente surpresa maravilhoso que a vida me deu!

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TRZCIANA: 2a Semana! ~ 2nd Week! . 23-27.01

     A semana passou rápido e, envolvida com as atividades na escola e a preparação das viagens que viriam, mal tirei fotos. Meu trabalho foi se desenvolvendo entre as apresentações sobre o Brasil e ajudar os alunos com o aprendizado do inglês. Como esta seria a última semana antes das férias de inverno, algumas turmas já tinham finalizado o conteúdo previsto e por isso as aulas eram mais flexíveis…

   Enquanto as aulas foram tranquilas, ao voltar pra casa tive umas das melhores surpresas da temporada na Polônia, e20170123_134626.1 uma dessas experiências marcantes, que você não esquece mais. Subia eu o caminho de volta para casa, quando ouvi um barulho que já ouvira no mato do descampado ao lado, e achando que era um bicho qualquer, não havia prestado tanta atenção. Dessa vez, ao olhar melhor, dois veados pareciam conversar entre si (heheh), alheios ao tempo e à minha presença. Apesar da foto ruim, deu pra ver bem direitinho e fiquei lá olhando, sem acreditar que eu até então não havia dado bola para um bicho tão lindo, daqueles que a gente só vê desenhados nos filmes da Disney… Babei!

     Depois de um fim de semana animado na Cracóvia, ainda não era hora de descansar depois das aulas: Renata, a secretária querida da escola e seu marido Daniel (lembram-se deles?) já tinham me chamado para esquiar com eles na segunda-feira. Eu, que tinha trabalhado em uma estação de esqui 8 anos atrás e morria de saudade do esporte, aceitei na hora. Para minha felicidade, não levamos nem 20 minutos para chegar na estação (o sul da Polônia é especial pelas montanhas!). Só não imaginei que demoraria tanto para recordar tudo, pois apesar de o corpo lembrar, não estava preparado… Cercada de todos os cuidados dos dois, só ao passarmos para a pista intermediária tive que ceder e descer metade a pé, reconhecendo meu limite. Insisti que ficaria bem comendo e tomando um café, para os dois poderem descer a pista avançada pelo menos uma vez. A volta foi no escuro total da noite, mas com a felicidade de uma criança!


  Na terça-feira, na escola, continuei ajudando uma turminha fofa a se preparar para o Concurso regional de talentos, cantando músicas em inglês. De tanto ouvir, mesmo alunos iniciantes conseguem reproduzir os sons, e em geral as dúvidas na pronúncia se repetem, como nas letras r, y ou s. E com vozes lindas, muito legal ajudá-las!

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On Jan. 24th, Christmas decoration is still on!

   Para fechar o semestre letivo, as turmas mais velhas ganharam a manhã na Cracóvia, em patinação no gelo seguida de cinema, e fui convidada para acompanhá-los.

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um carrinho diferente!

   Porque já tinha patinado em grande estilo recentemente (na Varsóvia!) e evitando fazer feio na frente dos alunos, pedi para ficar no shopping, onde Marta me ajudou nas compras (assim como Monika havia feito em Trzciana, pois como a maior parte das coisas não está em inglês, fica difícil saber o que são!).

   Além de resolver várias coisa em um enorme mercado dentro do shopping, tentei comprar um pijama e um mochilão para as próximas semanas, sem sucesso. Algumas professoras viram minha saga… mas já era hora do filme!

20170124_112141   O cinema escolhido foi Cinema City, uma rede de multiplex israelense operando em países como Hungria, República Tcheca e Polônia, com cerca de 20 salas só no local aonde fomos (há outros). Nessa manhã, a sessão de Collateral Beauty (Beleza Oculta é o título em português) foi fechada apenas para nossa escola, e gostei do filme por levantar reflexões de vida importantes, além de tratar da 20170124_144030relação entre esta e o teatro. Além de não pagar a entrada, ganhei a cortesia de pipoca e capuccino por acompanhar os professores da escola pública, então foi uma bela manhã diferente!

   Na hora de voltar, ponham-se os casacos todos de novo, devemos correr para o ônibus que já nos esperava! A volta a Trzciana foi mais calma, e fiquei de novo babando a paisagem de montanhas e casas grandes, iluminadas na neve ainda acumulada.

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   A quarta-feira também foi diferente, pois fui levada a outras duas escolas de vilarejos próximos onde Gosia, a professora de inglês para as turminhas menores, também trabalhava. Com um período (45min) em cada turma e o tempo de deslocamento entre mais paisagens lindas entre montanhas, a manhã passou voando.

   Um dos motivos pelos quais este blog existe, e talvez o principal deles, é estimular jovens a participar desse tipo de programa, pois o que recebemos de volta é bem mais do que esperamos. É muito engraçado entrar numa turminha nova e ver a agitação de todos os olhos em você, esperando o que você tem para falar, que em geral é conhecimento adquirido; nada sobre o qual você não saiba falar naturalmente! Para otimizar a ida nessas turminhas, levei as apresentações preparadas, com algumas informações básicas sobre o Brasil mas deixando a critério das turmas apontarem sobre o que queriam mais saber.

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   Na turminha da foto, por exemplo, contamos com o recurso do laboratório de informática, então foi bem mais fácil, e imagino que útil para a vida toda deles, mostrar no mapa onde estávamos e onde está o Brasil, o que eu já vinha fazendo sempre que possível. Respondi a perguntas, passei informações gerais e falei sobre o Rio e a Amazônia, os campeões de interesse já que lá nosso País é tão remoto. No final da aula, uma das fofinhas ainda cantou a música que ela vinha treinando para o Concurso de talentos; corrigi alguns detalhe de pronúncia mas de novo adorei ter ouvido.

   Em outra turma, não havia tempo para falar muito. Aproveitando a idade das crianças, mais novinhas, revisamos os animais em inglês que elas aprenderam e a cada animal brasileiro que eu colocava na tela, as crianças ficavam eufóricas. Foram tantos “Ohh”s e “Ahh”s que eu só ria, tentando explicar nossos bichos.

   Durante o resto do dia, preparei aulinhas e as viagens que viriam, na tentativa de conciliar planos em outros países com amigos que estavam nesses outros países… uma logística complicadinha tão em cima da hora, mas deliciosa!


   Na quinta-feira, a rotina foi a de apresentar sobre o Brasil, mas a turma mais avançada, onde eu havia passado uma aula falando sobre a música brasileira, quis fazer o contrário e me apresentar a música polonesa, sobre a qual ouvi bem contente: não conhecia nada!  Vejamos o que aprendi, com links para o Youtube!:

  • Kamil Bednarek – cantor moderno, atual
  • Paluch – cantor popular entre os adolescentes hoje
  • Enej – banda polonesa/ucraniana moderna/tradicional
  • Sylwia Grzeszczác – cantora atual
  • Dzem – banda tradicional muito popular nos anos 1980 (essa música em especial a Polônia inteira sabe de cor)
  • Patrycja Markowska – cantora popular
  • Feel – banda popular de rock
  • Marek Piekarczyk – cantor que tinha uma banda de heavy metal, passou para solo mais soft
  • Akcent – banda popular para festas familiares, p. ex., mas vista como de má qualidade
  • Margaret – cantora polonesa que fez sucesso em inglês

   Também aprendi sobre a dança tradicional dessa região, a  Krakowiak, que é apresentada por crianças e por adultos, de ambos os sexos, e é um barato! Por fim, deu tempo de me falarem sobre alguns festivais que acontecem na Polônia, como o Open Air (durante o verão, no norte do País), o Woodstock (com esse nome mesmo, na região nordeste chamada Wilko Polska) e o Festiwal Kolorów (aquele de cores inspirado nos da India, bem popular).20170123_115712

   Em um dos intervalos das aulas (entre cafés e chás), também descobri uma tradição  polonesa bem curiosa: no dia do santo que dá inspiração a seu nome (se for seu caso!), você deve fazer um lanche para comemorar. Assim, se seu nome é Paulo, no dia de São Paulo cabe a você encher a boca dos colegas de trabalho. Fui devagar na salada, mas os doces de amendoim e côco com chocolate… tão deliciosos que comi em todos os intervalos, e ainda sobrou pra levar pra casa!

   Como podem imaginar, o resto do dia foi de mais definições das viagens a seguir, com as logísticas de falar com amigos trabalhando, reservar albergue, transportes etc etc etc..!


     20170123_134039Ao sair para a escola pela última vez antes das férias, na sexta-feira, fui pensando que delícia era poder experimentar uma vida diferente mesmo que por algumas semanas… Viver de modo bem diverso do que se está acostumado devia ser algo feito por todos de vez em quando. Talvez assim as pessoas se entendessem mais!

   Uma das coisas que sabia 20170128_083153que sentiria falta era as casas de Trzciana, que dão a impressão de já terem servido a algumas gerações, como se cada uma delas tivesse uma vovó dentro esperando a família com lanches e doces… Pelo menos era a sensação que eu tinha avo ver idosos na rua, e pelo ritmo geral do vilarejo. Mesmo com a neve sumindo aos pouquinhos, a paisagem continuava linda, e meu desejo de voltar no verão um dia só aumentava!

   Na escola, os alunos (como todo aluno) já estavam ávidos por duas semanas de folga, por isso mais do que entrar nas salas para apresentar fotos e vídeos do Brasil, passei a manhã recebendo grupos de alunos na biblioteca ou na sala dos professores para conversação, fazendo todo mundo falar pelo menos um pouquinho. Já vinha fazendo isso durante a semana, e como o contato é mais direto fiquei até mais à vontade. O legal é que enquanto alguns se interessam bastante e falam tudo o que podem, outros têm certo bloqueio para o inglês, e cabia a mim quebrá-lo.

      Ao final da manhã, vi logo que já sentiria saudade dos lanchinhos de intervalos, do agito da escola, e é claro, da energia dos aluninhos queridos!

    A única notícia chata do dia foi que na véspera havia falecido uma senhora que fora professora na escola durante muitos anos; há dois estava com câncer. Após me despedir de todos e ao sair a pé para casa, segui sem querer alguns professores e alunos, que partiam em marcha silenciosa rumo à Igreja. Depois de uma missa em sua homenagem, todos seguiriam ao cemitério, que ficava em frente a onde eu estava hospedada.

   Carregando o mochilão perfeito que ganhei emprestado, corri para me preparar para os próximos dias. Aliás, quando eu digo que os poloneses foram muito amáveis comigo..: Outra Marta, a professora de Educação Física e Música da escola, estava sempre tentando se comunicar, cheia de energia que é. Mas nossa barreira de idiomas só permitia sorrisos e gestos amáveis! Ao ver que eu fiquei sem mochilão, ela logo trouxe o dela, me deixando sem graça de aceitar mas feliz por não ter de bater rodinhas pra cima e pra baixo quando se está correndo entre cidades. Com os planos de viagem já acertados (e sem saber que haveria surpresa), deixei outra mochilinha arrumada para o lindo fim de semana que viria, e voltei à escola.

   Para encerrar as 2 semanas de trabalho voluntário, fui convidada a jantar na casa do Diretor e da professora de inglês da escola. Casados há anos, moravam um pouco afastado, então foi bem legal ver outro lado da região. Milhas e milhas e poucas casas depois, chegamos e revi a filha mais nova, que estava em uma das turminhas e tocava violino. Fui apresentada à filha do meio, que já morava e estudava na Cracóvia; e soube que a mais velha fazia faculdade em Varsóvia. O jantar foi completo, com tradução de Marta entre mim e o diretor, Sr. Andrzej. Falei mais sobre o programa voluntário, despertando o interesse das filhas, aceitei sopa, salmão, sobremesa… e até um licor bem especial. Feliz com a recepção, fui levada de volta a Trzciana, vendo lá em cima, bem de longe, a casa onde estava morando super iluminada, linda linda e bem destacada à noite.

   Feliz com o período bem-sucedido no vilarejo, dormi pronta para as aventuras que viriam… e que eu nunca esperava viver tão cedo!

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Lindo pôr do sol ao sair de casa! ~ Beautiful sunset when leaving the house!

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KRAKÓW: Cracóvia ~ Krakrow : Parte 1! . 20-22.01

     Terminada a visita à mina de sal em Wieliczka, ao invés de voltar pra casa Marta seguiu comigo até Cracóvia. Segura por me deixar no enorme shopping ao lado das estações de ônibus e trem, ela voltou para Trzciana. Tentei sem sucesso o wi-fi do shopping, comprar cookies no Subway (onde a atendente não falava inglês e apenas me apontou a placa de wi-fi do shopping…) e um café, até de alguma forma conseguir conectar e falar com Joanna (lembram dela do final do relato sobre Varsóvia? 🙂 )

     Apesar de sua obrigação ser apenas ter feito minha entrevista, Joanna não só comprou minha passagem vindo da capital, como me orientou em vários momentos e deixou seu apartamento à disposição na Cracóvia. Bati perna um tempo (sempre há o que ver em shopping…) e nos encontramos no local onde ela me deixou com Beata na semana anterior. De lá cruzamos uma galeria, paramos em farmácia, papelaria e outras coisinhas, e desviamos o caminho pois Joanna queria me mostrar a praça principal (linda!!!), toda iluminada à noite. Em 10 minutos de caminhada, deu aquele medinho ao passarmos por baixo de um viaduto deserto, até perceber que o sentimento de insegurança tão conhecido no Brasil era desnecessário lá. Paramos num mercado, e jantamos conversando e bolando meu roteiro pro dia seguinte. Como o ap. não tem sala e é dividido com um amigo, após tomar banho capotei rapidamente no colchãozinho cheio de cobertas no chão do quarto dela!

     Sábado

     Joanna fofa acordou cedo a fim de estudar e preparar nosso café da manhã, bem servido para eu enfrentar o frio! Acompanhando o mapa traçado por ela, cheguei a Rynek Główny, a praça principal que é uma das maiores praças medievais da Europa, com aprox. 40.000 m2,, agora encantadora de dia. Não demorou pra ver que as ruas e arquitetura da Cracóvia também eram bem especiais…

     Saindo da enorme praça, a rua principal se chama Grodska, bem movimentada e com bastante oferta de passeios, lojas e restaurantes. Caminhar ela inteira leva você a outro 20170121_112237-1ponto muito visitado: Wawel Castle20170121_112351-1

 Ao se aproximar e procurar o castelo, logo dá pra notar a imensidão do espaço que ocupa e por que é tão procurado.

Além disso, as vistas ao subir a ladeira são… de se admirar!!!

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     Procurando a bilheteria, descobri um espaço fechado bom para se aquecer com cafeteria, banheiros, lojas e até posto de correio. Cinco visitas estavam sendo oferecidas e uma suspensa, então comecei pela principal: das Salas de Estado (State Rooms). Paguei o bilhete de estudante (pois já tinha outros planos para o dia seguinte) e o audioguia, e segui o mapa interno cruzando o portão da catedral, e cheguei a um enooorme pátio interno…

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     Sem tirar fotos, fui sendo guiada por grandes salas onde decisões eram tomadas e ordens eram dadas pelos reis, com tetos em pinturas renascentistas, muitos tapetes e móveis lindos. Uma da salas mais memoráveis, The Envoy’s Room, apresenta o trono do Rei, que ali observava as sessões entre os representantes, como da Câmara dos Deputados. Acima dele, o teto contém 30 rostos humanos diferente, esculpidos em madeira e emoldurados. Criados em 1540, esses foram os preservados, pois no século XIX outros 164 foram perdidos. Na mesma sala, uma grande tapeçaria também chama a atenção, chamada “Deus falando com Noé”. São muitos quadros na visita, contando a história passada lá após um grande incêndio em 1595. A Capela e o Hall dos Senadores também merecem ainda mais atenção, são decoradíssimos!

     Por questões logísticas, mudei de planos e resolvi aproveitar que estava lá e que a visita aos apartamentos privados do castelo ocorreria em breve. O guia em inglês é previsto no valor do ingresso, e acompanha explicando todo o percurso, com menos turistas que o anterior. Cobertos de pinturas italiana, com tetos e paredes originais do 20170121_144345-1século XV, a residência era utilizada pela nobreza, e também por convidados e empregados, além de ter se tornado a base da Presidência entre as grandes guerras mundiais.

     Com a cabeça cheia de tantas informações novas, fui então à Catedral também chamada Wawel logo ao lado, e também é linda… Assim como sua frente apresenta diferentes estilos, no interior há diversas capelas, cada uma com um patrono e decoração diferentes, dedicadas a reis ou outras personalidades. No subsolo, 4 tumbas podem ser visitadas, entre elas a do celebrado autor polonês Adam Mickiewicz, e a de Chopin, a primeira e mais modesta (como mencionei no post sobre Varsóvia!).

Os arredores do castelo e da catedral são bem agradáveis 20170121_120200.1.jpgde andar, e todo o complexo vale um dia de visita… Por ora, reparei que a decoração de natal ainda sobrevivia!

    Para caminhar de volta, nem vale a pena pegar uma escada de atalho, mas seguir adiante e ver a paisagem de outro ângulo…

Contemplando, voltei à rua Grodzka, à praça principal, atravessei abaixo do viaduto sem medo, passei no mercado, e consegui não me perder até chegar ao apartamento. Jantinha de mais comida polonesa de mercado, e Joanna me levou para tomar chocolate quente com licor de cereja – bem popular entre os estudantes, como uma alternativa deliciosa para escapar do frio e ficar alegrinho! Super forte, a bebida me aqueceu lindamente e de lá encontramos sua amiga da véspera para ir a um dos mais tradicionais cinema da cidade, Kino Ars, assistir a um dos últimos filmes norte-americanos indicados ao Oscar. Mesmo tarde, fomos andando para casa no frio! 20170121_112912-1

DOMINGO

   20170122_100701-1  O dia começou com um tiquinho de ressaca, mas nada que um dos remedinhos que você conhece não cure (dica: carregue-os)! Com mais um café da manhã reforçado, consegui chegar a pé e a tempo em um ponto desta vez ao norte da praça principal pra uma das free Walking Tours. O monumento Barbikan foi construído no século XV como um forte para observação de invasores e passou a ser a principal entrada da cidade na época. A fachada tem elementos góticos e há um museu no interior, que só funciona entre abril e outubro, quando diversos eventos ao ar livre também ocorrem ao redor da construção.

     Em um grupo de cerca de 25 pessoas, percorremos outra20170122_101651-1 grande rua de comércio e restaurantes, Florianska,  e outras próximas a ela, aprendendo, por ex., que os animais e demais ornamentos nas entradas serviam para identificar a morada na época medieval, quando  as casas não tinham números… Os moradores gostavam tanto das decorações que até hoje as gerações atuais se localizam por elas. 

     Como não podia deixar de ser, a caminhada nos levou à praça principal, e o guia nos contou sobre a grande Basílica St. Mary’s, construída no início do século XII, e o Cloth Hall, antigamente espaço internacional de troca mercadoria (como o sal de Wieliczka!) e hoje listado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

     Para fugir do frio, é normal essas visitas terem parada(s) em locais fechados, ou como deste vez no hall interno da mais antiga universidade polonesa, Uniwersytet Jagielloński. Sua fundação data de 1364, e foi onde Copernicus estudou!

     Lembrando que o País é bem católico, ficamos sabendo mais sobre algumas igrejas, umas mais preservadas outras nem tanto…

     Incluindo a catedral antiga que tanto chama a atenção!

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Different styles in one same Cathedral!

      Um detalhe que eu não perceberia sozinha é que há grandes ossos pendurados em uma das entradas, segundo dizem, do dragão que viveu na cidade (contarei mais à frente!)… Terminada a tour, voltei o caminho da véspera, ainda feliz da vida com tudo que uma cidade tão distante de nós e que nunca pensei vir tão cedo tinha para me mostrar..!

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Rynek Glowny!

     Na Praça principal, encontrei Greg (aquele que foi me buscar no aeroporto e virou amigo em Varsóvia! Estava lá especialmente para um show bem aguardado20170122_130455-1 do Greenday), e outro amigo do mesmo amigo em comum, Piotr (versão polonesa de Pedro). Os dois me levaram a um restaurante escondido no subsolo de uma biblioteca, com toda decoração bem tradicional e cara de casa da vovó, e me ajudaram a escolher um prato que mesmo sendo gigante (servido na madeira!), era tão saboroso que até eu que como pouco acabei – como aconteceria diversas vezes nesse País de culinária que deixou minhas calças bem apertadas…

     Após conversar como se os conhecesse há tempos, fomos deixar Greg próximo da estação para voltar a Varsóvia, e Piotr me mostrou mais da região central, a exemplo de outros espaços como o Centro de Informação ao Turista (com vários panfletos e agendas de eventos culturais) e um grande teatro, Teatr Juliusza Słowackiego.

     De novo na praça principal, ele também me mostrou como entrar de cabeça na escultura moderninha de bronze do outro lado do mercado antigo! Feita por um estudante  de Tadeusz Kantor na Kraków School of Art, a ideia inicial era colocá-la em frente a um grande shopping center, mas o artista não aceitava tê-la junto a um prédio tão comercial. Dá para entender por que houve certa polêmica sobre o que se fazer com ela..!

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     Próximo à cabeça, outro teatro mal chama a atenção, mas percebe-se ali que há programação quase diariamente para os amantes das artes cênicas. Cracóvia é  conhecida por ter uma cena teatral bem forte, mas infelizmente meus horários não bateriam com nenhuma apresentação… Mais um motivo para voltar!

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    Me despedi de Piotr sabendo que seria mais fácil revê-lo do que encontrar Greg novamente, e segui rumo à Galeria Krakrowska para encontrar Marta mais uma vez, pois ao levar a filha de volta para os estudos na cidade, eu tinha uma ótima carona de volta a Trzciana!

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ALGUNS COMENTÁRIOS E CURIOSIDADES:

  1. Toda com carinha medieval na arquitetura, os traços dos séculos passados também são vistos nas inúmeras carruagens que atravessam a rua principal com bastante frequência, sendo a sensação dos turistas e dando um ar todo especial á paisagem!
  2. Devido à posição geográfica e ao fato de muitas pessoas queimaram não só lenha mas qualquer outra coisa nas lareiras das casas, os níveis de poluição da Cracóvia são preocupantes, a ponto de algumas pessoas usarem máscaras no dia a dia. Uma fugida ao interior ou a Wieliczka, por exemplo, são alternativas para melhorar o sistema respiratório dos habitantes.
  3. A maioria das visitas no Wawel Castle é gratuita domingo, mas a dica é pegar o ingresso entre 10 e 12hs, pois se esgotam rápido. Também vale a pena reservar algumas horas para o castelo a fim de aproveitar o audioguia, que por um preço único (12Zl quando fui) narra todas as visitas.
  4. No Kino Ars, são exibidos também filmes poloneses. As salas não lembram de cinemas de shopping, mas salas de conferência, o que torna o ambiente mais peculiar. Só dá preguicinha de, no inverno, tirar toda a casacada (e luvas e touca e cachecol) para assistir ao filme e botar tudo de volta com as pessoas querendo sair..!

WIELICZKA Salt Mine: Mina de Sal . 20.01

     Cheguei de carona com Marta, a professora de inglês da escola, a Wieliczka (pronuncia-se Vilidjca) por volta das 14h. Saindo de Trzciana, foram cerca de 40 minutos de estrada nas montanhas. Da Cracóvia, há inúmeras companhias que organizam o passeio, já que o trajeto não passa de 20 minutos, tornando esta uma das atrações mais visitadas ao redor da cidade. Como chegamos tarde, nossa visita foi limitada a menos de 5% da gigantesca mina subterrânea, levando aproximadamente 2 horas, com um guia em inglês num grupo com mais 5 pessoas.

     Listada uma das mais antigas minas de sal do mundo como patrimônio da humanidade pela UNESCO, sua fundação data de 1290!! Ainda em operação até hoje, são 9 níveis, chegando a 327 metros abaixo da terra. Por razões de segurança, aos turistas só é permitido mesmo percorrer uma parte, sendo possível conhecer mais caso você disponha de mais horas. Entre os visitantes ilustres ao longo de tantos séculos, constam Nicolaus Copernicus (aquele que botou o sol como centro do sistema solar! Era polonês e estudou em Cracóvia; a universidade que frequentou funciona até hoje!), o célebre escritor alemão Goethe, o Papa João Paulo II, e por aí vai!

    São labirintos e mais labirintos de imensas galerias, capelas, esculturas de sal – de Copernicus aos Sete Anões, entre muitas outras, construídas pelos mineradores em seu tempo livre… Como durante toda esta viagem, infelizmente (para minha tristeza!) só tinha comigo um celular padrão, e não máquina fotográfica ou um i-algo capaz de tirar fotos melhores, sobretudo no escuro. Sabendo que a qualidade seria abaixo da desejada, nem tentei fotografar até metade do percurso, quando resolvi arriscar…

     Por isso, recomendo ver em vídeos como este, ou também este se quiser saber mais sobre a visita, e ainda o site oficial com fotos e todas as informações pertinentes. De todo modo, já que este é um blog (logo, uma plataforma autoral!), deixo minhas humildes recordações do passeio!

*Please see the photos’ captions for english! 😉

          O que seria lindo só para visita é ainda local de celebrações e demais atividades para a comunidade, como banquetes, concertos, e até casamentos..! Indico de novo a página oficial, onde é possível acompanhar a agenda de eventos que ocorrem lá.

     Vale lembrar ainda que o sal é extremamente benéfico para a saúde, em especial para a respiração. Sabendo disso, e para completar, há um Resort dentro do complexo, com tratamentos especiais e acomodações para os que desejam tratar asma e afins, dormindo lá um(ns) dia(s). Só de respirar o ar por algumas horas, você já está se purificando…

    Na cidade de Bochnia (lembram-se dela? Comentei no post anterior!) também há mina de sal, na verdade a mais antiga da Polônia, mas por ser mais longe da Cracóvia, não é tão visitada.

      Se quer saber como um lugar tão grande foi preservado e funciona até hoje, basta ter em mente que alguns séculos atrás, o “ouro branco”, como era conhecido, era extremamente valioso, tal como – em menor escala – o açúcar um dia foi uma grande riqueza brasileira… Logo, fizeram de tudo para explorar da melhor forma possível, havendo ainda hoje diferentes tipos de sais nas rochas, estalagtites, chão e outros locais. Sou testemunha: lambi a parede lá e de fato é sal puro!

     Para completar, no meio (pausa para descanso!) e na saída da visita, há lojinhas com cosméticos, sais de banhos e para os pés, mini esculturas… Digamos que o sal da minha cozinha por um bom tempo será do sul polonês! Há também um bom restaurante na saída. E para voltar, todo mundo pra dentro do elevadorzinho de grades original e bem fechado, subindo muitos metros até chegar no térreo!

TRZCIANA: 1a Semana! ~ 1st Week! . 16-20.01

     Após alguns dias conhecendo a capital Varsóvia e cerca de 3 horas de trem (em vagão de 8 lugares frente à frente e café a bordo), cheguei com Joanna a Cracóvia, antiga capital e até hoje a cidade mais visitada da Polônia. Nos programas da AIESEC, todo voluntário é monitorado, durante a viagem, por um estudante da AIESEC de origem (no meu caso, Brasília) e outro da AIESEC local (para mim, Cracóvia), entitulado seu “buddy”. Logo que chegamos já encontramos a minha, Beata, no imenso shopping Galeria Krakowska que fica bem ao lado da estação. Me despedi de Joanna e fomos encontrar o casal que me levaria ao vilarejo de Trzciana, minha primeira pousada. Eram na verdade o diretor da escola e a professora de inglês, sua esposa! No percurso de 1 hora já à noite, falamos (com auxílio da tradução de Marta) sobre mim, a região e o ensino. Sem conseguir ver muito a paisagem, só percebi que passavámos por montanhas e neve acumulada.

     Ao chegar na casa onde eu ficaria, quanta surpresa! Sabia que a família tinha morado em Londres então falava algum inglês, mas nem perguntei se era casal, se tinha filho, como morava… No topo de uma colina e com a vista incrível, a casa com paredes de vidro era enorme e bastante confortável. O casal Pawel e Monika, muitíssimo simpático, veio com uma linda menina de 14 anos, Kinga; e logo surgiram Patrick, um garotão de 9 anos, e duas pequenas fofas que achei serem gêmeas, mas eram Maia, de 4, e Gabriela, de 2 anos, sorridentes e curiosas. Também moradores, um labrador de 2 anos crianção chamado Bruno, um peixe e um hamster. Depois de ser apresentada a todos em ritmo de festa, rapidamente já comia bolo, bebia chá e tentava decifrar a conversa entre os adultos em polonês. Não demorei muito pra ir brincar com Maia, a mais animada.. Com a certeza de que eu estava bem instalada, o diretor a professora nos deixaram, e fui levada a conhecer os cômodos. Kinga havia cedido seu quarto pra mim, e só esse já era maior que meu apartamento inteiro em Brasília, com banheiro e closet, no qual ela também havia liberado prateleiras e gavetas para minha chegada. Depois de conversar um pouco mais com os pais, jantar e arrumar minhas coisas, por volta das 20h30 todos já se recolhiam para ir dormir (outro choque: no Brasil, dificilmente vou para cama antes das 23h)!

2a feira

     Como comentei na introdução deste blog, antes de viajar eu estava sem horário fixo de trabalho ou aulas, então vamos dizer que estava acordando… tarde. Pra chegar à escola a tempo, colocando todas as camadas de roupas que um inverno de verdade exige – além de meias, cachecol, protetor de orelha, toca, botas e luvas (Ufa!), precisei acordar àzZz… 6h30. Senta, Livia! Na minha frente apareceram pão, manteiga, queijos, presuntos, geleia e um café quentinho, de uma super máquina que logo me ensinariam a usar, passando o menu para inglês. Levanta, Livia! Atrasadinhas, pegamos carona com a mãe, que deixaria as pequenas na escolinha.

     Kinga me levou a Marta, que me apresentou a sala dos professores e algumas colegas. Eu era a primeira voluntária que a escola recebia, então tudo era novidade não só pra mim, mas para eles! Combinamos de assistir às aulas primeiro, responder a perguntas, e assim irmos vendo com quais turmas trabalhar mais. Foi bem marcante ver todos os estudantes reparando que eu era novidade ali; muitos olhares curiosos e sorrisos no caminho! As classes são divididas em alunos avançados e regulares, sendo 2 turmas para cada série. Os períodos de 45 minutos de aula são intercalados em pausas de 10 minutos, quando os estudantes ficam nos corredores. Absolutamente todos de pele branca, um ou outro com cabelo escuro. Essa escola, pública e a única do vilarejo, é dividida em 2 prédios, para alunos mais novos e mais velhos, e atende também crianças de vilarejos vizinhos ainda menores.

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School in Trzciana!

     As perguntas de cada turma variaram, umas mais tímidas ou comportadas, outras mais falantes. Alguns demoravam a acreditar que de fato eu não entendia uma palavra sequer de polonês (Ora, pareço europeia!), e que para se comunicar comigo teriam mesmo que usar inglês. Fomos em cinco turmas de 6 a 15 anos, e uma pergunta se repetiu em todas: minha idade – unanimamente, ninguém acreditava quando eu dizia ter 30. Indagações sobre minha cor, animal e comida favoritos também apareceram mais de uma vez, reforçando o vocabulário que eles tinham visto em aula. Também queriam saber meus hobbies, por onde eu tinha viajado, se eu gostava do Brasil…

     Por volta das 11:30, fui levada ao refeitório para almoçar junto com as crianças, na mesa dos professores. Batatas, linguiça, vegetais… tudo certo, não precisava fazer desfeita! Para tomar, o mesmo que comentei em Varsóvia, a compota quente. Uma das coisas que até agora estranho é que todos os restos de comida são jogados em um balde aberto, que não faço ideia para onde vai.

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The nicest road to the house!

Após acompanhar Marta em meu primeiro dia na escola, e como Kinga tinha mais aulas, Monika veio me buscar a pé a fim de mostrar o caminho pra casa…

 

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     Acostumada com o termo “lunch” no almoço e “dinner” no jantar, aprendi que na Polônia chamam o almoço de “dinner”. Não só por essa família ter vivido na Inglaterra, mas de modo geral todo o inglês usado é mais britânico do que americano, por razões óbvias. Fato é que mesmo almoçando na escola, todos os dias eu teria almoço também em casa, por volta das 14hs. De novo um prato surgiu à minha frente, e se não comentei ainda, não se preocupem que repetirei algumas vezes… a comida polonesa me ganhou fácil, fácil!

     Na véspera, já tinham me chamado para nadar; ao que eu respondi com cara de “O quê? Nesse frio?!”. Quando o convite foi reforçado, é lógico que disse sim, aceitando o traje de natação de Kinga (costumo levar biquíni ao viajar pois não ocupa espaço e sempre pode ser útil, mas nesse caso deduzi que biquíni brasileiro não seria bem visto no inverno polaco…). Dirigi então com Monika e as menininhas por cerca de 25 minutos até a cidade mais próxima, Bochnia, onde há piscina aquecida para crianças.

     Certamente entre as cenas mais engraçadas desta viagem, foi ajudar as cotoquinhas fofas tooodas encasacadas passarem dos graus negativos para biquininhos, amparar na piscina antes de o professor chegar, e depois refazer todo o ritual, dos biquininhos para a versão congelante! Eu, que não ia entrar pois nem levei toalha, acabei aproveitando a piscina olímpica ao lado para dar umas boas braçadas, pois o corpo tenso do frio já vinha pedindo exercício. Por todo o corredor, imensos secadores de cabelo ficam à disposição, e usá-los com as meninas foi outra farra! Paramos em um mercado para comprar Kinder Ovo, shampoo e outras coisinhas (com a ajuda de Monika, já que a maioria dos rótulos não estão em inglês…). Banho e sopa de tomate em casa… e cama!


3a feira

     Consegui acordar um pouco mais ágil, fazer meu próprio café, comer o que já estava na mesa e acompanhar Kinga conversando no caminho para aula. A dinâmica foi parecida, indo em turmas que não tínhamos ido na véspera, e desta vez ficamos mais na escola das crianças menores, igualmente curiosas com a minha presença.

    Uma turminha em especial logo me conquistou, pois me encheram de perguntas fazendo gestos de coração para minhas respostas, uma menina cantou a letra toda de uma música em inglês que ela havia decorado, e no final da lição ainda perguntaram se eu gostava de cookies, dizendo que trariam na próxima aula! =D

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Play time!

   Outra turminha curiosa foi uma que estava apenas esperando o ônibus escolar, mas que Marta precisava monitorar durante certo tempo. Para distraí-los, ela sugeriu um jogo dizendo que até eu poderia entrar, mas quando começaram a gritar tudo em polonês, desisti! Fiquei tentando entender e decorar os números (1-Jeden; 2-Dva; 3-Trzy; 4-Cztery…) com as explicações de uma menininha fofa de 7 anos que não queria brincar. O principal é que cada um da roda é um personagem ou um número, e fala seu próprio “nome” seguido do de alguém da roda, que deve seguir fazendo o mesmo… quem erra tem que tirar algo. Então, com muitos risos, uma pilha de tênis, casacos e meias foi logo se formando no centro da roda.

     Entre todos os intervalos de aulas, sempre me ofereciam chá ou café, e antes de fechar as 6 aulas deste dia, o almoço foi de novo animado com olhares para mesa onde eu estava. Na saída, Marta me levou a uma loja (em cima de um dos 2 mercados de Trzciana) para comprar um caderno… Tudo o que me ensinavam parecia tão difícil que rapidamente esquecia, então percebi que a única forma de aprender algo em polonês seria anotando! Sabendo voltar pra casa, passei numa loja de roupa e consegui comprar sozinha lindas luvas e uma toca, além de lanchinhos… Me distraí nisso e não vi o tempo passar, e no que voltei fotografando o caminho a mãe e o diretor da escola já tinham até se falado, preocupados com eu ter me perdido!

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Such nice houses!

    O fim do dia foi em casa, e fiquei com Patrick e as meninas por uma hora enquanto Monika foi buscar Kinga na aula de dança. Maia e Gabi fizeram uma boa bagunça, desenhando em meu caderno, brincando de balanço (= meus braços), e trazendo tudo da sala de brinquedos pra me mostrar. O único probleminha foi quando pediam algo difícil, repetindo a palavra incrédulas que eu, Burra!, não entendia… Até agora não consegui saber se ficaram brabas porque não consegui desenhar um coração ou uma nuvem, mas passou… Cosquinhas e sorrisos ajudam e cansam!


4a feira

     Acordar cedo foi ficando mais fácil, e agora já fazia meu próprio café da manhã, mais à vontade na cozinha, antes de caminharmos pra escola. Para os professores, que não falavam inglês mas faziam o possível para eu me sentir bem, passei a dar “Dzién dobry!” (Bom dia!), além de agradecer tudo com “Dziękuję!” (Obrigada!) e “Dziękuję bardzo” (Muito obrigada!) e elogiar com “Bardzo dobry!” (Muito bom!). Apesar de ser realmente difícil entender qualquer coisa pois é tudo muito diferente e eles falam super rápido, uma ou outra palavra entendemos, como “Informacja” (Informação) ou “Konferencja” (Conferência) no mural de avisos… Além de a escrita ser uma incógnita e os sons uma loucura, vale dizer que há inúmeros dígrafos! Ou seja: Trzciana, por exemplo, não se fala como se leria em português, pronunciando cada consoante, mas algo como “Tjxtiana”, o que pra mim até agora é difícil acertar. Outro exemplo – Dziękuję: a pronúncia é algo como “Dgincui-e”! Já deu pra entender que não é simples, né?

     Na sala de alguns alunos mais novos, o tema da aula de inglês era Animais. Após a lição com os animais do livro, mostrei fotos de alguns de nossos animais como macacos, jacarés e tucanos, e outros ainda mais exóticos para eles, como capivara, boto, preguiça, arara e o tuiuiu Mato-Grossense! Os cochichos e olhos arregalados deixavam claro que era tudo novidade.

     Para outra turma, a pedidos, ensinei um pouco de português – minha vez de deixar eles confusos tentando pronunciar palavras como “órgão” ou “inconstitucionalissimamente”! Mas a revanche veio rápido, quando me desafiaram a repetir curtos trava-línguas polonês… Copio o que escreveram em meu caderno, mas não me peçam para repetir!

“Szedt Sasza Sucha szaza”

“Jola nielojalna, Jola lojalna”

“Stót z powytamywanymi nagami”

     Minha presença aos poucos foi sendo assimilada pelos estudantes… Olhares curiosos ainda me perseguiam, mas agora começava a ouvir “Olá!, “Good Morning!” e “Bye Bye!” nos corredores. Ao sair caminhando pra casa, já estava atravessando a rua quando olhei pra trás e vi alguém, mas não identifiquei. Mais uns passos adiante, a figura me alcançou e vi que era uma aluna. Cumprimentei pedindo desculpa por não a reconhecer e ela me abraçou. Questionei se estava tudo bem, ela disse que sim. Falei que estava indo embora, perguntei se ela morava naquela direção e ela disse que não, apontando pro outro lado. Disse que a veria no dia seguinte, me despedindo… Ela sorriu e voltou a seu caminho, no lado oposto! =)

      Nesse terceiro dia na escola, já fui convidada pela secretária, com o auxílio do Google Translator, a aprender a cozinhar um tradicional prato polonês. O que quer dizer que:

  • tomei café da manhã às 7h40,
  • lanchei às 10h,
  • comi o primeiro almoço às 11h30,
  • o segundo almoço às 14h,
  • e às 16h estava indo para casa de Renata fazer algo parecido com nhoque, chamado “Kopytka” (veja como fazer aqui. Minha ‘aula’ foi mais ou menos assim, inclusive no idioma!).

   Assim que entrei no apartamento, no andar de cima de um hospital, fui cumprimentada pelo marido, Daniel, e recebi um bolo enorme e delicioso, junto com chá quentinho pra espantar o frio. Renat20170118_164614-1a (pronuncia-se com o ‘R’ de “barata”) queria aprender inglês, mas para tentar achar as palavras me explicava em polonês, o que como vocês imaginam, não funcionava lá muito… Para pôr a mão na massa, no entanto, nos entendemos super bem! O prato é feito com batatas, leite, ovos, farelos de trigo e queijo branco. Por cima, uma calda com açúcar transforma a comida em algo bem diferente de nhoque, e entendi por que as crianças gostam tanto. Após errar a calda queimando-a (nos distraímos conversando!) e refazê-la, Kopytka estava na mesa!

   Com o tradutor a tira-colos, eles me contaram que estavam construindo uma casa não longe dali, que tinham se conhecido esquiando, curiosidades da região, e ficaram sabendo mais sobre minha vida, as instituições no Brasil, as viagens que havia feito… Me mostraram a planta da casa (que ela, engenheira por formação, tinha escolhido), o álbum do casamento inteiro (amei!), fotos e vídeos sobre as maiores montanhas do sul da Polônia, das cidades históricas, das praias do norte… E me deram mais sobremesas e mais chá. Não satisfeita (Passei o dia todo comendo!!! =O), Renata ainda embrulhou bolos e grandes canudos com creme para eu levar – porque ‘Visita não deve passar fome’! Foram me deixar em casa por volta das 20h, mas o carro não subia a colina que dá acesso à casa, ainda coberta de neve… Ela foi a pé comigo um pedaço, e garanti que estava bem, então ficaram me vendo subir os 100 metros na escuridão total até chegar ao portão.

      Não tive problema para entrar, mas o quintal é grande e Bruno, o labrador crianção quase do meu tamanho, havia se soltado… Na hora do almoço, em um segundo de distração da mãe, ele havia entrado em casa, correndo por todos os cômodos, derrubando vaso de plantas, fazendo todo mundo gritar e rir e dando uma boa canseira até conseguirem botá-lo para fora. Como não vi o carro ao chegar de noite, dá pra imaginar minha situação quando vi Bruno solto… Depois de 15 minutos no frio sendo alegremente atacada, tentando jogar pedaço de folha e osso de plástico longe para ver se ele ia atrás e correndo em vão, com um “Abraço” dele apertamos sem querer a campainha. Para minha imensa felicidade, Monika apareceu, sem entender como ele estava solto e me ajudando a entrar em casa. A placa no portão que eu havia fotografado outro dia continuava indecifrável, mas seus dizeres subitamente ficaram ainda mais claros!

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“Watch out for Bruno!”, I guess!

5a feira

     Manhã de homenagem ao Dia dos Vovôs e das Vovós na Polônia! Ainda em clima natalino (em 19.01!), as crianças mais novas fizeram várias apresentações no ginásio repleto de avozinhos, trazendo canções típicas polonesas e contando a história de Jesus. A comemoração teve direito a abraços, bebidas quentes e sobremesas em seguida.

E como não poderia deixar de ser, os doces oferecidos fizeram parte do resto do meu dia…

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Polish desserts!

     Comecei a preparar apresentações falando, além de quem eu sou, de onde venho e o que faço, mais sobre o Brasil. Para a turma dos mais velhos que não gostava de Geografia, por exemplo, mostrei no mapa-múndi quão distantes estão nossos países, situando o Brasil na América do Sul (5o maior País do mundo, cerca de 50% das fronteiras são com o mar, somos o único que falamos português etc etc), e explicando nossas divisões administrativas em regiões e estados. Segundo eles me contaram depois, essa abordagem mais informal mostrou que geografia não é só decorar nomes de lugares, relevos e tal, algo chato que uma professora aparentemente bem rígida cobra e por isso eles não se interessam. Só de ter alguém novo, simpático, estrangeiro presente na sala falando de forma mais intimista, já vira algo a ser lembrado!

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Peaceful!
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A calm thursday…

Quinta de tarde

foi dia de ficar

em casa…

com cara de inverno,

bem abrigada!

… E de comer sopa de beterraba no jantar!

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Monika, Gabi, and Beet Soup for Supper!

6a feira

     Dormi mais do que podia e corri pra botar todo o aparato de inverno a tempo, sem comer nada. A conversa matinal caminhando com Kinga foi mais apressada, e em voz alta ela memorizava os tópicos que cairiam na prova de alemão – de modo geral, eles estudam inglês e alemão, que substituiu o ensino de russo de algum tempo atrás; e mais raramente, francês ou espanhol. Chegando na sala dos professores, fui recebida com comidinhas preparadas em casa. Segundo a tradição, no dia de homenagem ao Santo patrono do seu nome, você deve levar comidinhas… o que significou um banquete a manhã toda!

    Para a aula de inglês da turma de Kinga, a mais avançada da escola, conforme solicitaram preparei vídeos sobre a música brasileira. Mostrei Sambas tradicionais e atuais, Axé, Forró, Sertanejo (explicando que os temas se repetem e os homens estão sempre sofrendo pelas mulheres…), mas também ritmos que eles identificam e gostam mais, como o Pop (Jota Quest, Capital), Rap (Gabriel o Pensador, D2..), Rock (CPM22, Pity..) e Reggae (Natiruts, Cidade Negra..) brasileiros. Mostrei Tom Jobim, Vinícius e Chico Buarque, é claro, explicando que as letras eram mais elaboradas, mas acharam meio chato… Gostaram de Gilberto Gil, Marisa Monte e O Rappa, sobretudo em shows com imagens do Rio!

     A turminha especial do outro dia me recebeu com os Cookies prometidos e “Welcome, Livia!” escrito no quadro (fofos!!). Como alguns deles participavam de um concurso musical, leram letras de músicas em inglês para eu ajudá-los na pronúncia, e alguns cantaram lindamente.. Curiosos e carinhosos, me rodearam ao final da sala com mais perguntas diversas, e pediram uma foto =D

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Such nice class! =D

     Com a mochila pronta para o fim de semana, após almoçar e terminar as aulas, peguei carona com Marta e uma das professoras que morava em Wieliczka, para conhecer a imensa Mina de Sal!

~~~~~

     ALGUNS COMENTÁRIOS E CURIOSIDADES:
  • O sul da Polônia é conhecido pelas montanhas, o que faz da paisagem, principalmente no inverno, bem especial!
  • “White coffee” não é feito com grãos brancos como minha mente criativa imaginou; é apenas como os poloneses chamam café com leite
  • Os vilarejos, de forma geral, recebem tão poucos estrangeiros que foi uma loucura, segundo me contaram, quando dois voluntários franceses negros, por ocasião da visita do Papa à Cracóvia na Jornada Mundial da Juventude em 2016, ficaram na casa onde eu morava. Dizem que na hora de escolher as visitas, eles foram dos últimos a serem escolhidos, e quando foram a escola, muitas crianças nunca tinham visto alguém negro, havendo um certo estranhamento inicial…
  • Mesmo sem falar inglês, os adultos na escola me receberam com muitos sorrisos, provando minha teoria de que os poloneses tem um quê de sangue quente! 

WARSZAWA: Varsóvia ~ Warsaw . 12-15.01.2017


DIA 1 ~ DAY 1

     Como mencionei, uma das primeiras coisas que corri pra fazer ao confirmar a viagem foi contactar amigos que poderiam ter amigos por lá, pois nada melhor do que encontrar pessoas legais. Eternamente grata a quem procurei, foi assim que o choque cultural e a dificuldade de me locomover sem entender o idioma mal foram sentidos, pois ao desembarcar e usar o wi-fi do Warsaw Chopin Airport logo confirmei que Grzegorz (só consigo pronunciar Greg), uma dessas pessoas queridas, já me esperava no aeroporto. Cheguei no começo da tarde de quinta-feira 12/1/2017, e teria até o domingo para conhecer a capital. Trem pro albergue no centro (fiquei bem no Oki Doki Hostel, em quarto de 8 camas e 6 caras), parada pra trocar dinheiro (Veja Informações Práticas) e pausa pra reforçar o traje (passei de 25 para -5 graus). Apresentando a cidade, o já novo amigo me deixou no Muzeum Fryderyk Chopina, dedicado à vida do músico que ainda menino fez sucesso na Europa, mas faleceu jovem, pobre e esquecido (seu túmulo está na catedral da Cracóvia, mas pra ser sincera voltei ao ver que passei direto, de tão simples). Com toda sua história, partituras e gravações, vale a visita. Bem próximo, a loja dedicada a ele ao lado de um bom café foi um ótimo ponto de reencontro. 

*Please see the photos’ captions for english! 😉

     Fomos jantar na rede de restaurantes Zapiecek, com comida, trajes e louças típicos. Para começar, é claro, pratos de pierogis, o “pastelzinho” polonês com diferentes recheios. Para beber, uma espécie de compota bem quente, feita com frutas em água fervente, bem comum em casas e restaurantes. Ao voltar, passeamos pela Swietokizyska, uma das principais ruas do centro, com acessos para o metrô. Na Polônia, a decoração do Natal (é claro, eu não sabia) fica oficialmente até 2 de fevereiro!

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DIA 2 ~ DAY 2

     Tentei acordar cedo para chegar a tempo da Free Walking Tour (Veja Informações Práticas), mas o jetlag falou mais alto, bem como as pausas para ver o caminho…  

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     Ao chegar a pé no ponto de encontro, Aygmunt’s Column bem na frente do Palácio Real, nem sinal do grupo. Descobri então o caminho até o POLIN – Museum of Polish Jews, já eleito entre os melhores da Europa. Com oito galerias bem interessantes, o enorme museu conta a história de 1000 anos dos judeus na Polônia, abordando entre outros aspectos a época medieval, sinagogas, cultura,  guetos e tragédia em guerras, até os dias de hoje.

     Caminhei de volta para Old Town passando pelo Krasiński’s Garden, todo branquinho de neve. Me perdi pelas ruas da velha cidade: 90% do território foi destruído após 2a guerra mundial, fazendo desta a “Cidade Velha” mais nova do mundo, toda reconstruída. Cheguei a uma pista de patinação ao ar livre e ao Adam Mickiewicz Museum of Literature. Apesar de não achar quem falasse inglês nele e não ter entendido a maior parte das legendas em polonês, algumas imagens ficaram, como:

     Ao sair e caminhar de volta rumo ao Old Town, fui convidada a almoçar por um simpático personagem. Nem imaginei que ao abrir a porta entraria em um restaurante inteiramente branco, todo decorado por desenhos:

     Buscando o Palácio Real novamente, caminhei pela famosa avenida Krakowskie Przedmiéscie, antiga via real. Hoje cheia de lojas e ainda toda decorada para o natal, era meu caminho para casa!

     À noite, foi a vez de encontrar as melhores amigas da amiga de um amigo (!) e cruzar a mesma avenida, que muda de nome para Nowy Świat, em direção à parte central menos turística da cidade. Passamos pela imensa palmeira artificial criada por um artista plástico inspirado por Israel e fui levada a um bar novo e já freqüentado pelos melhores jornalistas da cidade: BARdzo Bardzo.

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     Como as leis de vigilância sanitária são rígidas, alguns estabelecimentos como esse não servem comida, mas em relação a bebidas… A Wódka Zoladkowa Gorzka, um tipo de vodka com mel, é uma delícia, e depois de boas conversas com Aneta, Sylwia e Gosia, além de outras pessoas simpáticas, já estava na pista de dança (eu não danço!), com um novo copo de algo com laranja. Para fumar, é preciso pegar casaco e sair, mas a festa vai madrugada a dentro no bar e logo fui vendo que os poloneses são mais simpáticos do que imaginei… Me deixaram de uber, fugindo da caminhada no frio das ruas!


DIA 3 ~ DAY 3

     Sábado! Consegui acordar a tempo de passar numa padaria italiana pra comprar doces e café, encontrando o grupo da Free Walking Tour na hora certa. Com muita gente para o passeio em inglês, fomos divididos em dois grupos – eu era a única das Américas. Logo um inglês veio falar sobre o Brasil e conversamos sobre seu intercâmbio com a USP. Como outras pessoas que conheci, o interesse pelo Brasil, esse país tão exótico por aqui, é bem curioso. 

     Voltei ao restaurante Zapciek (tem vários) para experimentar Bigos, outro prato típico – uma espécie de repolho  com lingüiças bem temperado, ~quer seria o prato dos caçadores, acompanhado de novo pela compota.

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     Encontrei Greg para ir patinar no gelo, pela primeira vez em um estádio nacional! Durante o inverno, o campo se transforma em duas  pistas bem grandes, divididas por uma praça de alimentação onde depois comeríamos. Patinei decentemente e só caí quando, ao resolvermos cruzar a pista para tirar foto na árvore, fui atropelada por um desgovernado, que me jogou no chão e caiu por cima. Greg me carregou pra um espa;o de pausa, senti o joelho, mas logo voltamos.

     Na saída, Greg me levou ao encontro de uma das amigas da véspera, para uma apresentação de folk do grupo Tęgie Chłopy (vídeo deles aqui). Cada região da cidade tem um centro cultural próprio, com atividades freqüentes  – fomos ao Sala Widowiskowa Ośrodka Kultury Ochoty. A apresentação, com vários instrumentos e ora cantada, foi bem animada, com parte da platéia sentada mas muita gente dançando à frente do palco nas mais diversas formas, a maioria em duplas. Mal entrei, atrasada, um senhor me chamou para dançar. Querendo muito ver e ciente de minhas inabilidades para dança, recusei com sorrisos e sentei para procurar Aneta. Logo a moça atrás de mim me convidou para dançar. No que tentei recusar, a comunicação truncou de tal modo que meus sorrisos amarelos ficaram alaranjados. Os gestos de “Eu vou pisar no seu pé!” foram entendidos, pela resposta dela, como se eu não quisesse dançar com ELA, quando na verdade o problema era eu mesmo…20170114_195308

     Encontrei a nova amiga, ela sim dançarina nata, e fiquei vendo o pessoal animado, de 5 a 85 anos. Outro senhor me chamou para dançar, e a única coisa que entendi de tudo o que ele falou foram as reações de “Como assim, brasileira e não quer dançar?!”. Aneta dançou com ele, com um grupo de mulheres, sozinha, e no bis da banda não resisti e deixei meu corpo se mexer aos ritmos tão diferentes do que conheço.

     Fomos de lá para uma boate, mas sem pique seguimos para um bar alternativo chamado Plan B, perto da Plac Zbawiciela, e de lá pra um lugar bastante inspirador:  Bar StudioAo lado do Palácio de Cultura e Ciência, que tem alguns teatros, lá pude comer e beber.

Já havia DJ tocando quando chegamos no fim da noite, e mais tarde quando os primeiros puxam, o local é de boas festas. Ou seja: é programa comum os jovens irem ao teatro, e de lá pra balada, logo ao lado! Cansada, não demorei muito, mas Aneta voltaria lá pra encontrar amigos e dançar mais.


DIA 4 ~ DAY 4

     No domingo, tinha apenas a manhã antes de viajar de novo, então o programa era curto: visitaria o Palácio Real, andando novamente pela Old Town. Mas com mais uma nova amizade resultante da sexta à noite, ganhei a companhia de Dominik, que me encontrou no Palácio de Cultura e Ciência logo de manhã para turistar. Subimos ao 30º andar para ver a cidade toda, fiquei sabendo que lá também tem museus e outras atividades como aulas e rádio, além de um ótimo café.  

     Refiz meus planos e fomos de táxi para um lugar incrível, que me arrependeria de não ter ido: Łazienki Park. Residência de verão do último rei, o palácio sobre as águas é lindíssimo também no inverno!

     De novo com inesperada ajuda masculina com mala e transportes, fui acompanhada até a plataforma do trem para encontrar a estudante da AIESEC Krakow que me entrevistou por skype e seguiria comigo para a segunda maior cidade do país!

 

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Tchau, Varsóvia! ~ Bye, Warsaw!

~ ~ ~ ~ ~

Alguns comentários e curiosidades:
  1. Escurece cedo no inverno: por volta das 16hs! No Verão, o sol chega a se pôr às 22hs!
  2. Varsóvia era território russo, e foi a capital com mais judeus no século XVII.
  3. A Polônia era um pólo da cinematografia judia, e os filmes judeus mais populares eram melodramas. As plateias também amavam o teatro judeu.
  4. A cidade é séria, mas os amigos de amigos foram muitíssimo legais comigo!
  5. A música do jovem Chopin é tão complicada que hoje não são os poloneses que as tocam melhor (são muito sentimentais!), mas os russos e alguns asiáticos!
  6. Como disse o guia; por toda a Polônia, há sempre uma igreja católica entre a casa e o prazer..!

 

Entre o que gostaria, mas não tive tempo de fazer: ~ What I wanted to do but didn´t have time to:

 

Links úteis ~ FYI:

 

How did I get here? ~ Como vim parar aqui?

How did I get here? ~ Como vim parar aqui?

ou… Como minha vida mudou inesperada e radicalmente em 20 dias!
Depois de morar fora algumas vezes e há anos estudando e trabalhando na capital do Brasil, há um bom tempo a vontade de viver outra vida batia forte novamente. Então, resolvi sair de um emprego estável numa Embaixada e estudar para um mestrado. Aprovada! Mas até as aulas começarem, o que fazer? Fácil: um dos poucos tipos de intercâmbios que sempre quis e nunca fiz – trabalho voluntário. Como? Não fazia ideia. Mas desde a graduação, um nome sempre vinha à mente nesse assunto: AIESEC. Criada após a segunda guerra mundial e gerida por jovens estudantes, a instituição tem representações em várias cidades do mundo e é voltada ao desenvolvimento de lideranças e cidadãos globais (Veja em http://aiesec.org.br/). No dia 20/12/2016, fui ao escritório de Brasília para conhecer melhor e descobri que: a participação é só até os 30 anos (que eu faria em 2 meses); dos países com vagas abertas em janeiro, o que mais me atraiu foi Polônia, por ser distante e inusitado; e que alguns programas lá me interessavam, todos de 6 semanas. Recebi as descrições em seguida, mas viajei no Natal (6 dias de muita estrada e pouca internet), voltando para casa nas vésperas de mais um feriado e ressaca de ano novo. Definido o projeto em que me encaixaria, fui entrevistada dia 30/12 pela estudante na AIESEC Polônia por skype, mas deveria estar lá dia 5/1 junto com demais voluntários! Logo fui aceita e comecei a ver passagens, maquinando como acabar vários trabalhos pendentes em tão pouco tempo, e como articular o leste europeu com o carnaval já planejado no Rio e uma viagem já paga deste para a África. Quase desistindo ao ver os preços de última hora, fui liberada da participação inicial. Após checar todas as possibilidades imagináveis, refletir que dificilmente poderia fazer algo semelhante tão cedo e conseguir vôos quase diretos (Brasília-Lisboa-Varsóvia/Frankfurt-Lisboa-Brasília) por um valor alto mas praticável, comprei! Voltei ao escritório da AIESEC dia 6 de janeiro já recebida por outro estudante (quem me atendera também viajou por meio de outra AIESEC fora, passando tudo para o colega); paguei a módica taxa administrativa, tirei dúvidas, e me informei sobre o seguro exigido. Em 5 dias, terminei todos os trabalhos que tinha para analisar, contatei amigos que podiam ter amigos por essas bandas, e fechei uma mala de inverno e outra de verão, para emendar na volta.

O que eu sabia: trabalharia com crianças de orfanato ou escola, em algum lugar perto da Cracóvia. O que eu soube na semana da viagem: que moraria em um vilarejo de 5 mil habitantes, perto da Eslováquia. Por coincidência, a estudante que me entrevistou estaria na capital, me orientou a ter a carteira mundial de estudante, (Saiba mais)  e comprou nossa passagem até a Cracóvia. Todos os detalhes sobre a família que me receberia, onde trabalharia e como chegar lá fui descobrindo ao desembarcar, sempre com a segurança de que o melhor estava sendo providenciado e que poderia mudar caso necessário. Embora este texto pareça longo, é apenas o resumo de tudo o que uma viagem assim tão súbita envolve, com a adaptação em um país onde você não entende a língua e mal sabe algo sobre. Os estudantes dos dois países me surpreenderam na cordialidade e disponibilidade para fazer tudo dar certo, desde quando me interessei até a colocação em si. Mas vamos por partes, que as histórias já se acumulam..!

Veja também Informações Práticas e pergunte à vontade! =)

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or… How did my life change unexpectedly and upside down in 20 days!

After living abroad a few times and some years of studying and working in the capital of my home country, Brazil, the urge of living differently had been really kicking in again for quite some time. So, I decided to quit my stable job at an Embassy and study for a master´s degree. I got in! But until classes started, what should I do? Easy: one of the couple types of exchange experiences that I always wanted to but never did: volunteer abroad. How to do so? I had no clue. But since my undergraduate studies, a name had always been in mind: AIESEC. Created after the second world war and managed by young students, this institution is represented in many cities around the world and is based on the development of leadership and global citizens, among other interesting values (see it on http://aiesec.org/). On the description above, I talk about how it worked for me with the AIESEC office in Brasília, with lots of cooperation involving the programme I decided to join in a very little time. After deciding for the tickets, paying the symbolic administrative fee and insurance, I had five days to finish the projects I was working on, contacting friends of friends that lived around Poland, packing up a winter suitcase (snow weather in Polska; leaving from summer in Brazil!) and a summer suitcase for two trips already paid for right next. What I did know: that I would be working with children in orphanages or schools somewhere close to Cracrow. What I learned the week I was travelling: that I would be living in a village with five thousand people close to Slovakia. All the details involving my host family, where I would work at and how to get there were discovered after landing, but I was always secured that the best was being provided for and that I could change if needed. There is a lot to talk about for a trip so sudden like this one, with the adaptation to a country where you don´t understand the language of and barely know anything about beforehand. I was surprisingly happy with the cordiality and availability with which I was treated by the students from both countries, from the moment I started asking questions until my placement at the school and beyond. But let´s go slowly, because there are already quite a few stories to tell..!